Salvador Nua e Crua



 
Algumas pessoas me procurarm  Qual a causa do nome  do  blog...
Bem era pra ser lançado um Livro...
Como o Lançamento demorou..
Vou posta-lo aqui no blog para que todos possam acompanhar...
Boa leitura.


Salvador Nua e Crua

©Editora Novos Brasileiros

È proibida  a reprodução total ou parcial  desta obra por qualquer meio eletrônico, inclusive por xerográficos sem autorização expressa do   editor.
 


Editora  Novos Brasileiros
São Paulo –São Paulo

Coordenação editorial: Helton Ojuara
Revisão:Helton Ojuara
Capa, projeto gráfico e Formatação: Helton Ojuara



Ficha Catalográfica
Informação bibliográfica deste livro, conforme a NBR  xxx- xxxx da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):
OJUARA, Helton. Salvador Nua e Crua. São Paulo:
Clube de Autores,2011 . ISBN 8456-xxxx-xxx




  Somos a mistura de tudo que não existe. Um combinado do que imaginamos ser , com o que queremos ser... No final, nos sombra apenas a matéria inanimada e   vestígios de uma existência... Fomos importantes... Mas para quem?

Ao escrever este livro  não sabia onde iria chegar... Mas tinha duas  certezas :

1ª  que Todos os lugares existem, mas os personagens são fictícios, a semelhança com a realidade é mera coincidência.

2ª. Na vida não há finais felizes apenas fatos. Por isto mesmo, os corações mais fragilizados devem descansar em outras páginas.

Cap. 1
Salvador,
Avenida Carlos Gomes.
Dez e meia da noite.

Os carros sobem veloz  a rua quase deserta. Carlos  tinha acabado  de sair da  Night Club.  Gastou quase tudo que tinha com mulher fácil. O dinheiro era para fazer uma boa ação, salvar  a própria alma.  Agora estava mais perdido que nunca. Cheirando a cerveja, cigarro e perfume barato. Que negas gostosas.  Puta que pariu.  Mas amanha era dia de branco. trabalhar duro. Era médico. Tinha orgulho disso. Cirurgião.  Salvava vidas. Herói  de verdade.  Quase um Deus. Salvando vidas inúteis.  Segurou firme uma maleta  que trazia a tira colo.  Passou pela praça castro Alves.  Olhou alguns carros que subiam a  avenida. Tudo  meio deserto. Perdeu a hora. Deveria ter vindo ao menos de carro... maldita idéia.   Mas se não tivesse pego alguma doença venérea, a noite terá sido ótima. Cada negona.  Mas do que isso... Keity, ela tinha mudado o nome...mas continuava a mesma... especial como sempre.,  Aff mulata da peste! Cada lapa de bunda, cada lapa de xoxota.  Ela deu uma canseira danada nele. Estava exausto. O que é que um homem quer mais. Trabalho, dinheiro e xoxota.  Pronto. Isso sim faz um homem feliz.    Carlos atravessou  a rua e  parou no ponto de ônibus.  Não morava longe.  No bairro do  Canela. Humm. Colocou a  mão no bolso da calça social.  A carteira jazia  quase  vazia.  Algumas moedas. Não havia sobrado nem uma nota. Teria feito sua caridade? Pro inferno com isso.  Com certeza a essa altura  sua  mulher  já dormia. Teria cansado de esperar, estaria zangada para variar. E  ainda achando que ele seria broxa... imagine eu broxa? Riu. Mas o que ele poderia fazer.  Mulher não entende essas coisas.  Não nasceram pra isso.  Colocou a carteira no bolso, depois olhou a rua.  Quase deserta. Ora ou outra um carro  subia. Olhou o alto da Carlos Gomes. Poderia ir  a pé.  Poderia ser ariscado.  Sempre tem muito vagabundo  ali próximo à dois de julho. Pensou em pegar um Taxi, pagaria quando chegasse lá... mas deixaria pista... refletiu... melhor não...  Ele  não era alto,  mas era forte. Braços moldados pelo  bisturi. Quem se meteria a besta com ele? Cuspiu no çhão.  Que se  dane.  O álcool ainda fazia algum efeito. E coragem era o que não faltava.  Começou a andar. Sempre olhando para os lados,  sempre.  Ora ou outra via um traveco na esquina. Umas bichonas muito das  gostosas. Pena que são homens. Bando de bichas!.  Um boteco chinês... Cheio de gente. Cheio de gente que não presta.  Isso lá era ora de se estar em boteco. Rebanho de vagabundos.  Nenhum era igual a ele. Ele era Médico. Tinha dignidade. Era casado. Uma  Filha  Linda e boa.   Continuou a andar. Já nem sentia tanto medo assim. Olhava o horizonte, ainda deserto.   Olhou pra trás e viu um carro parar  na esquina  onde  estava um traveco,  Um traveco com pose de mulher.  O bumbum  empinado com os braços  escorados na porta do carro. Carlos parou,  na rua e ficou olhando.  O motorista falou  algo  e o traveco entrou no carro. Mas não é possível!  Como pode. Tanta mulher. E o  cara quer um traveco. Ahhh se ele soubesse de keity. Ahhh se soubesse.  Fazer o que né, cada doido com sua mania.  Ia dar  continuidade  a andada  quando virou-se e se deparou com dois moleques. Um alto e magro o  outro baixo e gordo.
- Perdeu branquelo! Passa a grana!
- O que?
-Passa a grana. Falou o mais magro com a mão  por dentro do short.  Passa a porra do dinheiro. Que morrer meu Branquelo?
Carlos fitou verozmente  os dois moleques. Fihos da puta querendo o dinheiro.  Mas se tivesse armado?  Se ali for uma arma?
- Passa logo o dinheiro .. tofalando... 

Carlos  continuou a olhar   pros moleques ... deu vontade de voar no pescoço do mais alto  joga-lo no chão e bater na cabeça dele até os miolos se espalharem pela calçada. Mas não hoje. Era Médico, quase um Deus.  Não ia se sujar por causa de dois moleques e uma carteira vazia.  Carlos puxou devagar a cartera. Entregou  calmamente na mão do mais gordo. Que tremia de tanto medo. Covarde.  O moleque mais gordo tremia tanto que deixou a carteira cair no chão. alguns papeis, fotos  e as moedas se espalharam pelo solo.  Carlos,  balançou a cabeça. 

-Quer que eu pegue pra te dar? Nem tem muito dinheiro,  acabei de sair de um... bem...  só tinha essas moedas. Só  isso, pode conferir.

Carlos pegou  a carteira, uma foto que tava dentro da carteira,   e as  moedas, entregou na mão do menino mais gordo.
- Pronto toma menino.  Fica com os cinco reais,  fica  com a foto também. É de uma mulher muito gostosa.  Que trabalha La no Nithy, muito gostosa. Compra uma camisinha e vai se diverti com ela. 
-Quem ta te perguntando nada?! falou o mais alto. Passa, passa essa porra! E  anda... anda logo. Cai fora. Vai!

Carlos adiantou os passos, não ia  cassar confusão... era somente uma carteira e algumas moedas mesmo. Deu  três passos  e escutou um estouro, depois um zumbido na cabeça, como se tivesse  levado  uma pedrada.   Sentiu quando o queixo bateu no chão, achou curioso não sentir dor, nem parecia que era com ele. Percebeu algo escorrer entre seus olhos. Era sangue?  Desgraçados! Curiosamente ele não sentia as pernas, nem parecia que tinha corpo, viu os moleques  gritar alguma coisa e sair correndo na frente dele. A visão começou a ficar escura...  ainda escutou quando um ônibus parou perto dele... Depois pensou – Algumas moedas... filhos da puta... e a escuridão o abraçou.


Cap.2
 
Na mesma noite em outro lugar.
Linha Verde.  Noite.  Dentro de um poço em algum lugar  no litoral norte.

          Antonio custava  a acreditar que estava lá. Jogado naquele poço. Jogado a própria  sorte.   Já havia gritado  tanto por ajuda que  nem tinha mais voz só Murmúrios.  O tempo passara rápido, e uma pequena parte da lua se mostrava pela luz do poço... Uma  nesga de luz que entrava  e deixava tudo dentro do poço meio cinza.  As pedras  cobertas de limo , a água escura e salobra.  Alguns objetos sem forma boiando, Indistinguíveis.  Sobre a água  exalava um mal cheiro insuportável. Que cheiro horrível.  Antonio somente se lembrava que  estava no lugar errado, na hora errada. Um mal entendido e pronto. Agora estava ali.  Lembrou que  ainda andou um bom pedaço dentro da mata. Encapuzado. Com as mãos amarradas. Os homens,  vez por outra, falavam que ele iria pro buraco. Nessa hora teve a certeza  que não fosse chegar vivo até  o cair da noite. Depois pararam, desamarram a sua  mão. Pensou em ficar em silêncio e sentir  a morte chegar  rapidamente através das balas. Mas não. Não era isso.  Disseram, não era  pra ser você seu burro! não era você. Deram um golpe no seu estomago.  Antonio curvou o  corpo com a dor. O ar lhe faltou naquele momento.  Nem  recuperou-se  da  punhalada  e  o jogaram   para baixo dentro de um poço. Depois de um breve momento suspenso no ar, sentiu bater em algo , era água. Tirou o capuz e agora estava lá. Entregue a própria sorte. Ainda sentia a dor na barriga. Isso já faz  quase  duas horas minutos. Mais ainda o incomoda.   Se segurava o quanto podia dentro do poço mal cheiroso. As pedras eram escorregadias.  Conseguiu agarrasse  apenas em algo que  se parecia com  um cano. Existia  muitos dentro do poço, cada um em uma altura. Pegou  uma  manga  da camisa  e  escorou nesse cano. Isso o mantinha suspenso na água. A  idade não lhe permitiria se manter boiando tanto tempo. É verdade. Cinqüenta e sete anos e ali. Dentro do poço. Hora ou outra sentia que havia insetos ou algo parecido ali. Grunhindo,  passeando entre os canos,  sob as pedras da parede do poço.
     A lua  quase se fazia entrar . Mais algum tempo e ela faria uma  inclinação  perfeita com  o fundo do poço. Isso o ajudaria a visualizar melhor as coisas. Sempre passou a vida como um  coitado, bem verdade.  Não teve pai.  A mãe era  prostituta da ladeira do Taboão.  Morreu sifilítica  quanto ele tinha dez anos.  Antes de morrer disse a ele. Sobreviva.  Foi o que ele fez. Sobreviveu.   Com muito custo vendedor de balas, depois engraxate , sapateiro,  depois  vendedor de livros. Pronto, estava no topo, não podia ir mais longe.. Arranjou  mulher , filhos uma casa no morro...mas a maldita da cachaça destruiu tudo. Oh vicio desgraçado. Oh vicio sem jeito. Uma bebidinha ali, outra aqui... Quando foi ver  já estava viciado de dormi na rua. Perdeu tudo. Tentou lutar mas era fraco. Sempre foi. Nunca soube  levantar a cabeça, nunca soube dizer não.  Agora estava ali. Era injusto, não tinha feito nada. Se não tivesse aceitado a ajuda  de um estranho e vestido as roupas dele... Mas isso lá era motivo pra ta ali?!. Dentro de um poço mal cheiroso.
 A dor na barriga ainda o incomodava... Quase  duas horas hora depois e ainda o incomodava.  Passou a  mão sob a  barriga, a camisa tava estranhamente rasgada , passou o dedo pelo buraco e sentiu qeu havia  um rasgo na sua barriga, próximo a cicatriz umbilical. Os filhos da puta me furaram!?. O golpe na verdade teria sido uma punhalada. O apunhalaram e  o jogaram no poço. Covardes. A lua agora já quase jazia na lamina de água  do poço. A luz entrava agora  como uma flecha iluminado Antonio e todo o fundo.  O que era antes cinza escuro tornou-se cinza claro , talvez agora ele visse algo pra ser a salvação da sua vida, algo para o ajudar a sair daquela situação. Mas a luz que ilumina é a mesma que amaldiçoa.  O poço, não era poço, o poço era uma fossa. O que boiava sobre a água era restos de fezes. E os canos estavam repletos de dejetos . Que horror. Antonio se desesperou. Não iria morrer dentro de uma fossa. Ninguém nunca o acharia. Não merecia alquilo.    As lagrimas  tomou os seus olhos , ele tentava  agarrar as pedras mas escorregava. Então tentou se apoiar nos canos mas  estes não agüentavam seu peso e quebravam antes que ele pudesse erguer o corpo da água. Então  a barriga doeu ainda mais. Uma dor fina, como uma adaga  cravada no abdômen. Ele colocou a mão  novamente  na barriga e quando  a trouxe de volta a visão percebeu que os dedos estavam cobertos sobre algo escuro. Sangue?!. Seu sangue que se esvaia. Como algo inútil. Perdido naquela fossa.  Então ele fechou os olhos, esconjurou os desgraçados que fizeram isso até a décima segunda geração deles. Miseráveis. Quando Antonio abriu os olhos  percebeu algo sobre a  água que   outrora a escuridão  ainda não tinha  lhe mostrado. Pior, na verdade não estava somente sobre a água, estava também  nas paredes, nos canos,  e cada vez se mostrava-se  em maior quantidade. Ratos,  Ratazanas. Tão grandes quanto os maiores que já viu quando dormia  nas ruas.  Estavam ali. Provavelmente se alimentavam dos dejetos da fossa.  E agora se amontoavam ali.  Era o Sangue. O sangue os atraiam. Cada vez  mais. Deviam estar famintos. Eles viviam  no meio do nada, se alimentando de fezes de um fosso antigo. Agora tinham alimento fresco.  Ele.  Ele.  Antonio sentiu seu desespero multiplicar. Começou a gritar  o Maximo que podia. A voz já se fazia ouvir. A mão correndo as paredes.  De repente sentiu como se algo tivesse mordido sua mão.  Desgraçado, desgraçado!  Antonio começou a gritar, clamar por ajuda cada vez mais alto. Então   um rato voou no pescoço.  Ele Pegou o famigerado  e o  atirou na parede. Mal deu tempo de fazer isto. Outro pulou na sua cabeça.  E outro e outro.  Dentro do poço grunhidos de dor e de desesperos brotavam.  La fora. A relva das plantas estava calma. A lua brilhava alto. Tudo  estava em concordância. Somente os gritos destoava... Mas não demorou muito...  Logo se vez ouvir  um silêncio tenebroso.




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