Cidade seca e árida




Terra seca e árida.
Queria ter algo aqui.
Trinta quilômetros de asfalto após o entrocamento.
Esse verbo -  como já disse em outra época-  é um verbo maldito.
Um calor quase insuportável.
Porque o Querer nunca acaba.
E eu continuo querendo cada vez mais.
Vários povoados no caminho.
Animais na pista e o ar condicionado do carro sofrendo.
Falta sempre algo,
Meu poço sem fundo tão longe.
Após uma baixada desponta uma cidade.
Marrom como a seca,
Vermelha como minha esperança.
Opa, bom dia... aqui é sátiro dias? - sim senhor.
Amigo a esperança não é verde?
...
Meu querer é tão grande,
Meu poço sem fundo tão longe,
Que   o verde da esperança mirrou com a  seca.
Sobrou só o vermelho dessa cidade.

Helton Ojuara

Retrato



Paisagem desértica,
Cacto que brota sozinho na areia,
Montanha distante,
Pedra fria   na beira do rio,
O silêncio da madrugada,
Orvalho que  desaparece na grama,
Palavra nem dita nem escrita,
Homem presente com o  espirito distante,
Como um  corpo estranho que vaga no espaço,
Rumo a um mar escuro e  vazio.
Escolha qualquer uma....
Será sempre eu.

Helton Ojuara.

Madrugada.



Hoje acordei bem cedo,
Fui para a varanda da casa.
Nem um pássaro cantando,
Nem se quer um cachorro  a farejar o lixo.
Nada.
Hummm...
Talvez houvesse um silêncio...
Um silêncio absurdo  que dormia na praça.
E uma insônia  raivosa
Que rosnava ....
Vociferava,
E não me deixava dormi na cama.

Paciência...

Bebi uma pouco de água.
Queria estudar...
Tenho muito o que estudar...
Mas uma Falta constante me consumia por dentro.
Aquele velho buraco negro de sempre.

Onde foi parar o meu sonho?
Que dormia comigo todas as noites?
Que me fazia feliz
Em um mundo que  somente existia em minha cabeça.
= suspiro=
Tanto tempo sem ele  que  não consigo nem mais dormi.

Voltei a escrever hoje.
As mesmas palavras cansadas  de sempre.

Helton Ojuara.


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